sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

03 de Setembro.



(Paula Rego)





Em 16 de Outubro de 2008.






Parem a contagem do tempo


A página de hoje não pode virar na folhinha


Não é o momento


Não é a hora


Não há de ser agora


Num lugar seguro, escondam a minha madrinha



E se por acaso Deus não desistir


De fazer com que o amanhã nasça


Por favor, alguém me avise


Que eu irei pessoalmente intervir


Argumentar, espernear, pedir


Para que não aconteça esse deslize


E que pelo menos uma vez na vida


A vontade Dele não se faça



Se ainda sim o dia nascer


Se ninguém conseguir evitar


Se nem o desespero conseguir comover


Que ela possa, sem dor, encontrar

Aquela que nunca a deixou desistir de viver




Alguém quebre todas as tevês


E toque fogo em todos os jornais

No dia que não podia ter sido verdade

Expliquem-nos os por quês


Dela não ter ficado mais


E de terem emudecido de uma vez


Essa nação, esse país, essa cidade





Em cada peito cala fundo


O fim da incansável caminhada


Choro eu e todo mundo


Porque a grande madrinha virou fada.

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"RECEBE MENOS QUEM MAIS TEM PRA DAR"