Finalzinho de 2005-
"Acordo cedo e ponho roupa de ginástica.Mas não vou à academia.Na direção oposta e com rádio em punho,caminho em direção ao Metrô...Lotado,sempre lotado.Chego no Estácio e parece "Madrugada dos Mortos" com aquelas pessoas irremediavelmente coladas no vidro e nas portas.Chego à Botafogo.Faço o que tenho que fazer,porque zelar pela saúde é fundamental.Passo no shopping,como um misto frio e um ovomaltine("Gostoso é no Bob´s"),com vista para o Pão de Açúcar.Sinto um leve emagrecimento e parece que saí de um comercial de margarina.Rodo em busca de algo para comprar.Namoro uma bolsa semelhante a que vi na minha novela preferida..."-Não,não!Era mais cheinha..."-penso.Penso e não levo.Caminho rumo a saída,depois de rodar por entre as mil escadas e nada encontrar.E agora?Pego um ônibus pra Gávea,pro Centro,pro Jardim Botânico ou vou ao Catete?(ando meio fascinada pela figura de Getúlio).Opto pelo Catete e vou tomar um café no Museu.Passeio,namoro a livraria,olho com olhos diferentes para livros de Direito e alguma coisa dentro de mim se manifesta e me pede para ser cessada.Eu não queria Letras?Não...Eu queria Teatro.Caminho com as mãos no bolso de meu casaco antigo que não dava mais em mim e penso no que fazer.Mas,sobre o quê?Resolvo conhecer mais sobre a História do Brasil e,dentre fortes imagens,ficou o pijama de Getúlio.Lembro da noite divertida que precedeu a insônia e penso que os dias estão passando e eu estou desistindo.Mas por quê?Questiono se perdi um pouco o rumo ou se o rumo foi quem me perdeu. Encontro minha irmã no Centro e em seguida, vamos alimentar meu vício por "hot filadélfia".Sofro um constrangimento(desnecessário) numa porta giratória e sou exposta.Como não é de meu temperamento "se deixar dominar" e como costumo dizer "-Tá pra nascer quem vai me desrespeitar!",ajo com a frieza que muitas vezes me é peculiar e muitas mais,me surpreende.Encerro a conta no banco,impassível.Quanto aos vigilantes?A seção de empregos no jornal está aí para ser lida. Rumo ao Rio Sul,vou pensando mais um pouco na vida.Que saco,não tenho feito outra coisa.Tinha que comprar um mouse ótico,telefonar para a minha gerente.Mas meu celular não quer sair de dentro da minha bolsa.Não vou forçar...De repente ele toca...Ah,era o calendário me avisando sobre o aniversário do Pedro, filho de minha amiga Bruna.Quatro anos?Nossa,parece que foi ontem.Voltando ao telefone, há sempre diálogo, mesmo que às vezes eu tente estabelecê-lo comigo e não consiga.Sei que,de fato,chegamos ao final do ano.Muitas coisas me aguardam e eu aguardo muitas coisas.Compromissos me aguardam,me chamam e não me deixam esquecer que tem um mundo lá fora me esperando.Não importa o quanto já puxaram meu tapete,prefiro acreditar que incomodei.Mas não deixo de lamentar alguns fatos...Há tempos que não sinto cheiro de gelo seco,frio na espinha,sudorese diante de luzes.Há tempos não decoro um bom texto,mais ainda, não tenho escrito.Tenho um livro na gaveta e muita preguiça.Há tempos que não subo num palco,não faço comédia.Será que afoguei a humorista que nascia diante de mim?Talvez.Faz tempo que não sento no Leblon para tomar um café enquanto espero a hora de estar pronta,mais ainda,não cruzo o Rebouças de táxi há séculos...Mas recebo alguns telefonemas que me fazem crer que nada está perdido e que despertei coisas muitos boas por onde passei.Mas não encaro nada como derrota ou fraqueza.Eu fiz minha escolha e até me disseram isso ontem.Posso voltar atrás e reconsiderar,ou posso inovar e talvez essa possibilidade me encha mais os olhos.Concluo por fim que é tudo culpa do desânimo,maldito inimigo mortal de um não menos mortal que o inimigo.Sabendo do meu valor,sossego e vou pra casa dormir e quem sabe acordar com o gás de quando me sentia mais artista."
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