terça-feira, 26 de janeiro de 2010
quinta-feira, 21 de janeiro de 2010
quarta-feira, 20 de janeiro de 2010
sexta-feira, 15 de janeiro de 2010
Memórias de um silêncio eloquente
sempre tive um infinito
estoque de perdão.
Só para ti
perdoei mais suportava,
mais do que pude.
Minha cerca-limite era sem estatuto,
não tinha um não delimitando nada.
Fui perdoando assim de manada
e muitos erros desfilaram me ferindo,
nos interferindo silenciosos,
sem ninguém denunciar.
Perdoa a dor que te causei,
é que você estava há tempos me machucando
e eu não gritei.
Um nó daqueles difíceis de tirar e sem grandes explicações. Uma dor que chega a ser física, desencadeando outras reações físicas que costumam me assolar quando me sinto assim.
Tenho todos os motivos e nenhum para me sentir dessa forma. Mas a alegria ainda há de ser prioridade. Dizem que o segredo da vida é não se importar, poupar sentimento...definitivamente e graças a Deus, eu não enxergo o mundo dessa forma. Quero toda a intensidade da vida, por mais que isso me consuma noites a dentro.
quinta-feira, 14 de janeiro de 2010
Derradeiro.
Quando você partiu, sem deixar rastro, sem aviso, sem mais nem menos...eu senti o meu chão faltar. Eu, que sempre me julguei muito forte para o saldo de tristezas dos meus 23 anos, me vi minúscula."Eu, atolada na areia, perdia meus pés"- perdia meus pés e parte das minhas forças.
Desde aquele fatídico início de Setembro, morro um pouco todo dia. Não parece, eu disfarço muito bem, me cerco de alegrias, me cerco de pessoas boas e amigas, de luzes e de desejos de prosperidade. Mas, quando penso no que está posto, no gosto amargo da sua ausência, no não te ter por perto o suficiente para te dar um abraço, na falta que sinto da sua forte presença...me abato. Não devia, mas me abato.
Me abato porque desaprendi a viver sem você. A sua força de vida me motivava, me dava graciosidade ao lidar com os problemas mais difíceis. Na verdade, sei do quanto me protege. Não que eu tenha isso por simples convicção, mas eu sinto verdadeiramente, haja vista tudo que me aconteceu depois de tua ida e o fato de eu estar inteira para ajudar os que eu amo, do jeitinho que aprendi com você. Inteira eu estou, mas com partes coladas a Super Bonder.
Inteira e perdoando, inteira e amando, inteira e me doando, inteira e vivendo, enfrentando as coisas em sua totalidade, de cara para bater ao mundo, haja o que houver, mas por dentro muitas vezes pequena. Uma criança. Um bebê que chora mas chora baixinho, para não expor a fragilidade. Um bebê que quase não tem quem o acuda, massacrado pelas coisas, pela vida, pelas circunstâncias, sofrendo quase que em silêncio. Um bebê que expele seus traumas e suas ansiedades sob forma de refluxo. Um bebê que viaja para dentro dele mesmo, descobre que seu pranto é muito mais do que uma simples birra e de repente se vê crescido. Porque não tem escolha, porque não aguenta mais carregar o peso que a vida deu e se encarrega de ir dando leveza à ela diariamente. Mas há dias em que, leveza é simplesmente pedir muito.
Mais do que dona de uma insuspeita fragilidade, só exposta para muito poucos, sou alguém que essencialmente precisa de "alguéns". Eu precisava de você, tanto ainda. Mas foi chegada a hora do adeus, mal sabia e eu e por isso, não soube aproveitar. Perdi uma oportunidade sem igual de estar ao seu lado. Chorei e quando penso que "minha alma chorou tanto/que de pranto está vazia/desde que aqui fiquei/sem a tua companhia", descubro que em alguns momentos da vida e em algumas circunstâncias em que te ligar seria uma grande solução, só me resta guardar o que deixou e chorar o que me resta até que eu seque, sucumba ou me conforme. Mas o importante é que você saiba, dinda: eu te amo e amei demais!Com todas as forças, mesmo que isso não tenha ficado claro em alguns momentos. Te amo com a intensidade que amo os que estão sempre comigo. E quero amar mais a tua memória e os que me cercam, para que eu nunca seja assaltada pelo arrependimento de não ter dito algo que era necessário, só pelo ridículo medo de ser piegas.
quarta-feira, 13 de janeiro de 2010
Mais Drummond
"Este o nosso destino: amor sem conta, distribuído pelas coisas pérfidas ou nulas, doação ilimitada a uma completa ingratidão,e na concha vazia do amor à procura medrosa,paciente, de mais e mais amor."
A um ausente (Carlos Drummond de Andrade)
Tenho razão de sentir saudade,
tenho razão de te acusar.
Houve um pacto implícito que rompeste
e sem te despedires foste embora.
Detonaste o pacto.
Detonaste a vida geral, a comum aquiescência
de viver e explorar os rumos de obscuridade
sem prazo sem consulta sem provocação
até o limite das folhas caídas na hora de cair.
Antecipaste a hora.
Teu ponteiro enlouqueceu,
enlouquecendo nossas horas.
Que poderias ter feito de mais grave
do que o ato sem continuação, o ato em si,
o ato que não ousamos nem sabemos ousar
porque depois dele não há nada?
Tenho razão para sentir saudade de ti,
de nossa convivência em falas camaradas,
simples apertar de mãos, nem isso, voz
modulando sílabas conhecidas e banais
que eram sempre certeza e segurança.
Sim, tenho saudades.
Sim, acuso-te porque fizeste
o não previsto nas leis da amizade e da natureza
nem nos deixaste sequer o direito de indagar
porque o fizeste, porque te foste.
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domingo, 10 de janeiro de 2010
Falando sério (...)
"Falando sério
É bem melhor você parar com essas coisas
De olhar pra mim com olhos de promessas
Depois sorrir como quem nada quer
Você não sabe
Mas é que eu tenho cicatrizes que a vida fez
E tenho medo de fazer planos
De tentar e sofrer outra vez
Falando sério
Eu não queria ter você por um programa
E apenas ser mais uma em sua cama
Por uma noite apenas e nada mais
Falando sério
Entre nós dois tinha que haver mais sentimento
Não quero seu amor por um momento
E ter a vida inteira pra me arrepender"
Drummond!
Não faças versos sobre acontecimentos.
Não há criação nem morte perante a poesia.
Diante dela, a vida é um sol estático,
não aquece nem ilumina.
As afinidades, os aniversários, os incidentes pessoais não contam.
Não faças poesia com o corpo,
esse excelente, completo e confortável corpo, tão infenso à efusão lírica.
Tua gota de bile, tua careta de gozo ou de dor no escuro
são indiferentes.
Nem me reveles teus sentimentos,
que se prevalecem do equívoco e tentam a longa viagem.
O que pensas e sentes, isso ainda não é poesia.
Não cantes tua cidade, deixa-a em paz.
O canto não é o movimento das máquinas nem o segredo das casas.
Não é música ouvida de passagem, rumor do mar nas ruas junto à linha de espuma.
O canto não é a natureza
nem os homens em sociedade.
Para ele, chuva e noite, fadiga e esperança nada significam.
A poesia (não tires poesia das coisas)
elide sujeito e objeto.
Não dramatizes, não invoques,
não indagues. Não percas tempo em mentir.
Não te aborreças.
Teu iate de marfim, teu sapato de diamante,
vossas mazurcas e abusões, vossos esqueletos de família
desaparecem na curva do tempo, é algo imprestável.
Não recomponhas
tua sepultada e merencória infância.
Não osciles entre o espelho e a
memória em dissipação.
Que se dissipou, não era poesia.
Que se partiu, cristal não era.
Penetra surdamente no reino das palavras.
Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
Estão paralisados, mas não há desespero,
há calma e frescura na superfície intata.
Ei-los sós e mudos, em estado de dicionário.
Convive com teus poemas, antes de escrevê-los.
Tem paciência se obscuros. Calma, se te provocam.
Espera que cada um se realize e consume
com seu poder de palavra
e seu poder de silêncio.
Não forces o poema a desprender-se do limbo.
Não colhas no chão o poema que se perdeu.
Não adules o poema. Aceita-o
como ele aceitará sua forma definitiva e concentrada
no espaço.
Chega mais perto e contempla as palavras.
Cada uma
tem mil faces secretas sob a face neutra
e te pergunta, sem interesse pela resposta,
pobre ou terrível, que lhe deres:
Trouxeste a chave?
Repara:
ermas de melodia e conceito
elas se refugiaram na noite, as palavras.
Ainda úmidas e impregnadas de sono,
rolam num rio difícil e se transformam em desprezo.
sexta-feira, 8 de janeiro de 2010
Ajuda para Angra dos Reis
“Quando as estrelas
Começarem a cair
Me diz, me diz
Pr'onde é
Que a gente vai fugir?”
Renato Russo – trecho de “Angra dos Reis”
Não foram exatamente estrelas que caíram, mas sim toneladas de terra e barro que deslizaram sobre os moradores e turistas de Angra dos Reis numa noite que deveria ser prenúncio de esperança e renovação. Mas com a chegada do ano novo, o que se vê na região é tragédia, luto, sofrimento e perdas. Incontáveis perdas. Mais de 50 mortos e outros tantos desabrigados numa história sem final feliz.
No centro de cidade, uma encosta cedeu e deslizou por cima de casas no Morro da Carioca. Na Ilha Grande, o deslizamento por conta das chuvas durante a madrugada encobriu parte da pousada de luxo Sankay, lotada de turistas, e mais sete casas, na enseada do Bananal. Cerca de 120 homens da Defesa Civil, dos Bombeiros e da Marinha participaram do resgate.
Numa iniciativa promovida pela cantora Preta Gil em sua página do Twitter, doações foram recolhidas desde terça feira e entregues na boate The Week, na Praça Mauá e recebidas pessoalmente com muita festa por Preta.
Na tarde de hoje, o “Movimento Cleyde Prado Maia – Do Luto à Luta”, representado pelas voluntárias Paula Rego e Renata Michel, entregou mais de dez sacolas abarrotadas de roupas, brinquedos, toalhas, lençóis, chinelos e tudo mais que foi possível arrecadar nos últimos dias.
Celyse Prado Maia, irmã de Cleyde, fez uma generosa doação de itens novos para o uso, provando que a generosidade faz parte do DNA desta família.
A seguir, fotos da doação e com a cantora Preta Gil, que encabeça essa arrecadação num ato de extremo altruísmo e cuidado com o próximo. Exatamente como Cleyde fazia: o bem, sem olhar a quem.
quarta-feira, 6 de janeiro de 2010
Riscos da extrema erudição.
(Mahatma Gandhi)
sábado, 2 de janeiro de 2010
sexta-feira, 1 de janeiro de 2010
Ano Novo mal humorado.
É uma formalidade simplesmente. A não ser que aconteça algo incrivelmente bom ou incrivelmente ruim no último dia do ano, o ano novo é o dia seguinte.
Mudou a data e talvez nada mais.
Agora sobre as resoluções de ano novo, as promessas? No último dia de Dezembro, é a coisa mais comum enumerar o que vai fazer e principalmente deixar de fazer. Mas o ano entra e a gente continua bebendo, comendo gordura, fumando, amando errado, se contentando com mediocridades.
Usar calcinha ou cueca de determinada cor também pode ser um desperdício. Se você não trabalhar, não sair para procurar quem te complete, não fizer a paz em você mesmo; não vai ter adiantado underwear amarela, vermelha, branca, nada.
Tem o banho do dinheiro também, que é uma água suja em que você se molha com noz moscada, cravo e um monte de coisas do gênero. Uma amiga me diz para fazer todo ano. No único ano que eu fiz, tudo de pior me aconteceu. Tô fora.
Mas, o título do post não corresponde à completa realidade. Eu não estou mal humorada com o ano que se inicia, coitado. Eu sou apenas quase (pelo menos por enquanto) indiferente às festas de final de ano. Não sinto uma grande excitação, raras foram as vezes que eu senti. Senti a excitação quando as companhias se encarregavam de gerar isso em mim. Mas, no geral, ano novo é um dia em que ou eu quero estar com os que eu amo ou eu quero estar num canto, quieta, pensando em todos que me fazem falta, numa espécie de solidão acompanhada. Não é um dia que eu esteja para pular sete ondas, porque o máximo que eu vou conseguir é tomar um caixote na multidão ou ser pisoteada nas areias de Copacabana.
Mas o objetivo desse texto é reverter o banho do dinheiro, que fez meu 2008 desandar.
Será que se eu receber 2010 com esse texto azedo e na verdade nem tão real, as coisas dão certo?Superstição!
"RECEBE MENOS QUEM MAIS TEM PRA DAR"