sexta-feira, 28 de novembro de 2008

Quase uma da madrugada e o sono não me consome.
Parei de tomar "aditivos" para atraí-lo, porque o resultado é um descanso cansado.
Resolvi tentar encontrar a paz em algum outro lugar, mas ainda não consigo.
O saldo do ano é muito negativo. Foi um ano muito difícil, sob todas as esferas, apesar de terem havido excelentes momentos nas entresafras.
Foi um ano em que tudo, de alguma forma, degringolou. Saúde, afetos, sensações.
Ainda me recupero de alguns baques e realmente só o tempo pode agir.
Me dói pensar que algumas das pessoas que eu mais amo não estão perto de mim. E digo "não estar perto" num sentido profundamente abrangente. Sejam pessoas que não moram aqui ou sejam pessoas que por alguma razão que não me cabe julgar se justa ou injusta, embora eu tenha a minha opinião a respeito, não estão perto, apesar de poucos metros nos separarem.
E estar perto é também um conceito muito amplo. Pode-se estar do lado e nunca estar. Pode-se ter estado e nunca reconhecerem. Pode-se estar e não se fazer notar...e por aí vai. A probabilidade das combinações é infinita.
Mas fato é que hoje, admito, estou triste. Eu nunca neguei a mão a ninguém. E sempre procurei ser totalmente sincera nas minhas relações. De todas as vezes que contribui com alguma coisa, foi absolutamente de coração. Nunca fiz nada por demagogia, até porque eu nunca precisei disso e tive imensas oportunidades de me utilizar deste subterfúgio e sempre o achei pequeno, ridículo, desprezível. E nunca cobrei nada, ainda que eu estivesse com toda a razão e do alto do meu direito. Nunca devolvi nenhuma ofensa, sob a idéia de não estar aplicando com alguma pessoa, aquilo que julguei errado ter feito comigo. E porque, também, sempre tive um estoque infinito de perdão a ser distribuído. Nada me agredia por mais de 10 minutos. Na verdade não me agride ainda. O suco que fica do problema é , na verdade, uma tristeza maior do que uma simples ofensa.
Mas, reconheçamos, é triste você precisar de ajuda, excepcionalmente mais do que o normal e de repente você vê que quase não tem a quem recorrer. E não é por uma questão de orgulho e pensar que com fulano de tal você não quer nem ter que contar. É por uma questão real de "-Caraca, pra quem eu posso ligar, se grande parte da minha família não mora aqui, minha irmã viajou, alguns amigos me largaram de mão solene e, ao que tudo indica, gratuitamente, outros estão ocupados, minha madrinha morreu...caraca, o que fazer?"
Pois hoje, eu precisei de ajuda. E por alguns momentos, eu não sabia o que fazer nem por onde começar. Passou um filme na minha cabeça e pensei por um segundo que, se eu sempre fui uma pessoa extremamente solícita e prestativa, desprendida e tudo o mais, que de repente, o melhor a fazer era contar comigo mesma. Eu seria uma grande companhia pra mim mesma. Mas eis que subitamente, uma grande amiga me bipa, se dispondo a me levar a um médico que estou precisando visitar. "-Não quer ir hoje?Estou de bobeira. Te acompanho. Você tem que ver isso assim, assado..."

A Beatrice foi um anjo hoje. Eu sabia, lógico, que podia contar com ela. A 1ª vez que nos falamos, disse que eu não iria ao médico porque eu estava com muitas dores e queria ficar deitada.
Por pressão paterna, resolvi procurar ajuda médica. Bipei-a, ela que estava desemcumbida da função "amiga" por hoje, já que não me sentia suficientemente bem para ir até Copacabana (onde fica o consultório ao qual ela pretendia me levar), prontamente atendeu ao meu chamado: "-Vai comigo no Quinta D´or?Não tô mais agüentando!".
E ouvi um "-Mas é lógico. Estou indo pra aí."

E como diz aquela música, é sempre bom a gente se dar conta de que não está sozinho, "por mais que pense estar". Quantos aos outros, Deus se encarrega e cuida para que a distância imposta seja ou se reduza à algo meramente geográfico.

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"RECEBE MENOS QUEM MAIS TEM PRA DAR"