Hoje pensei tanto na minha madrinha. Senti falta do abraço, de cantarolar em seu carro, do cheiro, das bobeiras ditas e ridas, do colo, da voz. Para esta última falta, ver vídeos me ajuda um pouco.
Nesta época do ano, sinto falta de uma coisa que pode parecer banal, mas que era motivo de diversão, como tudo, aliás e que eu ficava esperando o ano todo só para ir fazer COM ELA: Ir ao mercado comprar a ceia de Natal. E o mais legal é que nunca era combinado, sempre foi um "acidente" engraçado. Quando dávamos conta, estávamos dentro do Extra, nos dividindo: "-Vou pegar leite. Onde é a manteiga mesmo?Tá, pega o arroz e me encontra aqui." E ano passado ela me ensinou a fazer uma coisa super legal, que nunca tinha passado pela minha cabeça, mas ficou de herança: comprar um peru e um panetone para as pessoas que trabalham para mim e cuidam da minha avó, assim como ela fazia com as que cuidam da mãe dela, a fantástica Dona Dirce, sempre impecável, não importasse a hora em que eu aparecesse lá (unha feita, cabelo pintado, batom!). É uma atitude bacana, que não pesa tanto no bolso. E pode realmente tornar a noite dessas pessoas, muito mais feliz.
Sei que ela está comigo o tempo todo, sei perfeitamente. Mas queria ter tido um tempo para ela maior, em vida, só para me dedicar a ela e dizer o quanto a amarei pra sempre.Lembro sempre de uma citação da Elis Regina, num especial que tenho em DVD, em que ela fala da efemeridade do tempo, em algo mais ou menos "E aí você percebe que não há mais nada para ser feito, é tarde paca". Algo assim. Se as pessoas tivessem essa lucidez, de que a vida pode mudar de uma hora para outra, que a segurança que temos debaixo dos nossos olhos pode-se esvair sem que consigamos sequer acompanhar esse abandono, ah se as pessoas soubessem disso!Perdiam menos tempo com bobagens, com convicções vãs, com injustiças impensadas, com cabos-de-guerra que não levam ninguém a lugar nenhum. Somos nós versus o tempo curto, que também pode ser implacável. Mas certamente, se não bem aproveitado, é perdido.
Esse ano, muitos acontecimentos me engoliram e me fizeram omissa, em alguns momentos, da minha função "afilhada". E só Deus sabe como dói essa sensação, ainda que a tia Cleyde não concordasse e dissesse que isso era coisa da minha cabeça, quando a gente percebe isso num momento em que não dá para fazer mais nada que mude a realidade, neste plano.
Mas, enfim, ela sabe de tudo. Do tamanho do meu amor, da minha gratidão, da minha necessidade suprema dela em todos os momentos. Era uma mãe que eu queria muito,muito que estivesse comigo, fisicamente, neste momento tão complicado. Mas vez por outra, me sinto invadida de uma força que só pode vir dela.
E repito, chega essa época do ano, fica tão difícil. Pela primeira vez, nos últimos anos, irei ao mercado sozinha comprar suprimentos para uma data na qual nada tenho para comemorar. Todas as pessoas que eu mais queria comigo, estão longe de alguma forma. Por mais que estejam eternamente do lado de dentro e isso importe mais do que qualquer outra coisa.
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