quinta-feira, 11 de junho de 2009

"Meu querido avô meu!"

O título do post foi retirado de umas anotações da minha avó, de quando eu tinha dois anos e meio. Era uma das formas que eu usava para me referir ao meu avô. Outra muito boa era: "Meu avô é meu amigo". Impressionante como criança sabe das coisas.



"Nesse dia
Deus deu uma saidinha
E o vice era fraco".
Hoje faz 13 anos que perdi meu avô Helcio. E ontem ele teria feito 88 anos.
Foi o homem mais incrível que eu conheci. Acho que foi o único homem verdadeiramente incrível que eu conheci: justo, amoroso, culto, íntegro, organizado, prestativo, atencioso, bem humorado, paciente, comedido, honesto e principalmente atento aos valores que não estão à venda, valores que tem que nascer com a gente. E parece que todos os melhores valores do mundo, vieram embutidos no meu avô. Valores que independem do seu sucesso na vida. Melhor: valores que não se perdem com o seu sucesso na vida. A tendência do ser humano é se achar melhor que os outros mortais, a medida que vai subindo degraus cada vez melhores na vida, conquistando coisas mais bacanas. Isso é um erro que desemboca na solidão.
Meu avô me ensinou que a essência da gente não pode mudar. Quando muda, desanda toda a receita. Eu sinto muita falta dele, dos papos dele, da cultura dele. Da justiça dele.
Foi a primeira pessoa que me viu e acredito que a que mais (depois da minha mãe e do meu pai, é óbvio) teria capacidade de se orgulhar de mim. Há quem diga que eu pareço com ele. Alguns chutam que seja fisicamente. Outros, dizem que é no geral. Um porteiro recentemente demitido aqui do meu prédio, a quem muito meu avô ajudou na vida, comentou com a minha empregada que eu sou o meu avô de saias, no sentido da parecença moral, jeito, vontade de ajudar as pessoas, essas coisas que realmente não estão nas gôndolas de supermercado para quem quiser, mas constituem a verdadeira riqueza que alguém pode ter. Se eu pareço ou não, sabe Deus. Não sou a pessoa mais indicada para dar essa opinião. Acho pretensioso almejar parecer com alguém tão único, alguém que eu nunca vi igual. A minha vizinha conta uma história de uma carona que ela pegou com ele, apenas uma carona, uma coisa tão simples e corriqueira, ele parecia estar fazendo com o mesmo prazer e honra de quem está transportando em seu humilde carro, a rainha da Inglaterra!Ele tinha prazer nas pequenas coisas, prazer em ajudar o próximo. Ele era grande sem a pretensão de ser grande. Isso o fazia enorme.
Se eu pareço com ele, repito, não sei. Mas se eu pudesse ser na vida 5% do que ele foi, eu já tenho o Reino dos Céus garantido e muito motivo para me orgulhar de mim.

Um comentário:

Anônimo disse...

Olá Paula...navegando na net achei seu blog... estou a procura de respostas, para perguntas sem respostas...apesar do sofrimento ser real, tudo é muito vago e mistrerioso. Não sei se devo falar aqui na integra o que aconteceu, na verdade nem sabemos da verdade, mas o q que peço aqui é AJUDA ! meu marido perdeu um filho de 22 anos, de forma trágica e estúpida! ele caiu do sexto andar) respostas ? nenhuma, hipoteses ? várias... Estou perdida com a dor dele, sme saber como agir, não seis e ajudo ou atrapalho, queria dividir isso com alguém... me desculpe. Abraços. irisdantas3@hotmail.com

"RECEBE MENOS QUEM MAIS TEM PRA DAR"