domingo, 13 de julho de 2008

Não perca tempo assim contando história
Pra que forçar tanto a memória?
Pra dizer
Que a triste hora do fim se faz notória
E continuar a trajetória
É retroceder
Não há no mundo lei que possa condenar
Alguém que a um outro alguém deixou de amar
Eu já me preparei, parei para pensar
E vi que é bem melhor não perguntar
Porque é que tem que ser assim
Ninguém jamais pode mudar
Recebe menos quem mais tem pra dar
E agora queira dar licença, que eu já vou
Deixa assim, por favor
Não ligue se acaso o meu pranto rolar, tudo bem
Me deseje só felicidade, vamos manter a amizade
Mas não me queira só por pena
Nem me crie mais problemas
Nem perca tempo assim contando história...

sábado, 12 de julho de 2008

Aos que eu amo

Eu te amo porque te amo.
Não precisas ser amante,e nem sempre sabes sê-lo.
Eu te amo porque te amo.
Amor é estado de graça e com amor não se paga.
Amor é dado de graça,é semeado no vento,na cachoeira, no eclipse.
Amor foge a dicionários e a regulamentos vários.
Eu te amo porque não amo bastante ou demais a mim.
Porque amor não se troca,não se conjuga nem se ama.
Porque amor é amor a nada,feliz e forte em si mesmo.
Amor é primo da morte,e da morte vencedor,
por mais que o matem (e matam)a cada instante de amor.

Drummond

terça-feira, 8 de julho de 2008


"Sim. Vestirei vermelho carmim escarlate

O homem que hoje me amar

Encontrará outro lá dentro.

Pois que o mate."

Elisa Lucinda

Martha Medeiros ²

Pobres entrevistadores, profissão difícil a deles.
Na falta de assunto, são obrigados a perguntar para o entrevistado coisas estapafúrdias como
"-Você já falhou na cama?". E os convidados respondem, que gente educada. O cantor Fabio Junior, semana passada, disse num programa de tevê que também já havia falhado.
É natural. Aliás, este tipo de falha nem deveria mais entrar em pauta, já que seres humanos se cansam, se estressam, ficam ansiosos, e isso tudo também acaba embolado nos lençóis.
Broxar não é falha, é no máximo uma frustração momentânea, e passa.
Falhar na cama é outra coisa. Quando um casal tira a roupa e se deita juntos, as regras passam a ser determinadas por eles e ninguém mais. Não há certo nem errado, tudo é permitido, desde que com o consentimento de ambas as partes. Consentiu? Então vale sadomasoquismo, fantasias eróticas, lambuzamentos, ménages a trois, a quatre, a cinq... vale o que der prazer, vale o combinado. O que não vale é forçar a barra. O que não pode é haver imposição de uma prática com a qual um dos dois não concorda. O que não se admite é violência e brutalidade, a não ser que elas façam parte do cardápio sexual do casal. Se não fizer, é estupro. Isso é falhar na cama. Não vou dizer que falta de amor também é falha, porque não é. Muitas vezes o amor não é convidado pra festinha. Não é preciso amar. Não é preciso nem fingir que ama, todo mundo é adulto e deve saber mais ou menos o que esperar do encontro. Mas, mesmo não amando, não custa ser carinhoso. Não custa, depois do embate terminado, ter um pouco de paciência, não sair correndo como se fosse perder o último ônibus da madrugada. Não custa lembrar do nome da pessoa com quem você esteve há cinco minutos gemendo agarradinho. Não custa dizer que foi bom pra você. Se não foi, considere essa mentirinha a boa ação do dia. Pra que dizer que vai denunciar a criatura pro Procon por propaganda enganosa? Não seja grosseiro. Isso é falhar na cama. O resto está liberado pra rolar. Inclusive não rolar.

Mais Martha Medeiros

Na hora de listar as qualidades que a gente quer encontrar nas pessoas com quem iremos nos relacionar vida afora, está lá a indefectível "sensibilidade".
A gente quer que o patrão seja sensível e não um grosso.
A gente quer que nossa amiga seja sensível e não um trator.
A gente quer - e como quer! - que nosso namorado seja sensível e não um machista brucutu. Encontrar sensibilidade nos outros é meio-caminho andado para o entendimento.
E sermos, nós mesmos, sensíveis, também é um filtro bem-vindo, é a sensibilidade que permite nossa comoção diante de um quadro, de uma música, de um amor que nos arrebata ou de uma perda irreversível.
Mas admito que sinto uma certa inveja daquelas pessoas que são sensíveis mas não se tornam vítimas da própria emoção.
Porque sensibilidade demais esgota a gente. Tem horas em que o filtro não filtra coisa nenhuma: permite que a gente seja atingido profundamente por coisas que mereceriam menos entrega. Cultivamos mágoas por coisas que nos aconteceram 15 anos atrás, remoemos culpas que já foram mais que perdoadas e esquecidas, temos nosso sistema nervoso totalmente abalado porque alguém compreendeu mal nossas palavras, sofremos por questões insolúveis, sofremos, sofremos, e sofrer dá uma senhora consistência à nossa vida, mas como cansa.
Às vezes me farto dos ideais que persigo e que, por serem ideais, nunca se concretizarão plenamente. A vida é defeituosa, imprevisível, nada é exatamente como a gente gostaria que fosse - e sensibilidade é algo que faz a gente aceitar isso e ser feliz do mesmo jeito.
Já sensibilidade demais dá nos nervos e fadiga à toa.
Uma certa frieza nos faz andar mais rápido, não nos retém. Como se mede, se pesa, se percebe a sensibilidade suficiente e a sensibilidade excessiva? No quanto ela joga a nosso favor ou contra. Sensibilidade suficiente refina você, lhe dá um foco na vida. Já a sensibilidade excessiva faz de você protagonista de um dramalhão mexicano. Temos escolha? Não se escolhe, é o que se é. Os que são sensíveis na medida aproveitam a vida sem duras cobranças internas. Já a turma dos excessivos pega canetas, câmeras, pincéis, sapatilhas, instrumentos, e transforma o excesso em arte. Ou faz besteiras. Cada um encontra onde colocar sua sensibilidade, uns com leveza, outros com si mesmos. Os únicos que seguem não entendendo nada são os insensíveis.

segunda-feira, 7 de julho de 2008

Os sapatos Corello da minha avó Stella


Eu os via em Julho e em Dezembro.Eu gostava mais de vê-los em Dezembro, porque estávamos perto do Natal.
Eu adoro essa época do ano, porque aquele cheirinho de comida festiva e a cidade iluminada são coisas que me preenchem.Falam em espírito natalino e eu acho que eu sou realmente tomada por essa espécie de entidade.

Mas voltando aos sapatos...eles eram marrons e com solado de cortiça, tipo anabela.Eu os avistava desde a rodoviária Novo Rio, quando geralmente eu ia buscá-la num dia marcado e ansiosamente preparado.Em geral, eram dias ensolarados.Por dentro e por fora.

E ela vinha, sempre reclamando de alguma coisa.Bastavam cinco minutos para que a gente caísse na risada.E aí, depois disso, íamos ao shopping, falávamos da família inteira, tomávamos sorvete e comíamos batatas inglesas, além de provarmos do seu inesquecível e maravilhoso manjar de coco e de sua pizza de aliche com batatas.Por outras vezes, os programas eram menos gastronômicos e mais sentimentais.Colocávamos a conversa em dia, divagando sobre a vida e sobre a razão das coisas.
"É preciso ter tristeza. Tristeza não é ruim. Quase todo mundo só quer escutar musiquinhas alegres, ir dançar em lugares barulhentos, ficar falando o tempo inteiro. Porque eles tem medo da tristeza. Mas não é a tristeza que mata."

sexta-feira, 4 de julho de 2008

E muito para mim é tão pouco
E pouco é um pouco demais
Viver tá me deixando louca
Não sei mais do que sou capaz
Gritando para não ficar rouca
Em guerra, lutando por paz
Muito para mim é tão pouco
E pouco eu não quero mais
(...)
Simplesmente seja o que você julgar ser o melhor

quinta-feira, 3 de julho de 2008

Mais de Martha Medeiros

Quantas vezes você andava na rua e sentiu um perfume e lembrou de alguém que gosta muito?Quantas vezes você olhou para uma paisagem em uma foto, e não se imaginou lá com alguém...
Quantas vezes você estava do lado de alguém, e sua cabeça não estava ali?
Alguma vez você já se arrependeu de algo que falou dois segundos depois de ter falado?
Você deve ter visto que aquele filme, que vocês dois viram juntos no cinema, vai passar na TV...
E você gelou porque o bom daquele momento já passou...
E aquela música que você não gosta de ouvir porque lembra algo ou alguém que você quer esquecer mas não consegue?
Não teve aquele dia em que tudo deu errado, mas que no finzinho aconteceu algo maravilhoso?
E aquele dia em que tudo deu certo, exceto pelo final que estragou tudo?
Você já chorou por que lembrou de alguém que amava e não pôde dizer isso para essa pessoa?Você já reencontrou um grande amor do passado e viu que ele mudou?
Para essas perguntas existem muitas respostas...
Mas o importante sobre elas não é a resposta em si...
Mas sim o sentimento...
Todos nós amamos, erramos ou julgamos mal...
Todos nós já fizemos uma coisa quando o coração mandava fazer outra...
Então, qual a moral disso tudo?
Nem tudo sai como planejamos portanto, uma coisa é certa...
Não continue pensando em suas fraquezas e erros, faça tudo que puder para ser feliz hoje!
Não deite com mágoas no coração.
Não durma sem ao menos fazer uma pessoa feliz!E comece com você mesmo!!!

Você (Martha Medeiros)

Você é os brinquedos que brincou, as gírias que usava, você é os nervos a flor da pele no vestibular, os segredos que guardou, você é sua praia preferida, Garopaba, Maresias, Ipanema, você é o renascido depois do acidente que escapou, aquele amor atordoado que viveu, a conversa séria que teve um dia com seu pai, você é o que você lembra.
Você é a saudade que sente da sua mãe, o sonho desfeito quase no altar, a infância que você recorda, a dor de não ter dado certo, de não ter falado na hora, você é aquilo que foi amputado no passado, a emoção de um trecho de livro, a cena de rua que lhe arrancou lágrimas, você é o que você chora.Você é o abraço inesperado, a força dada para o amigo que precisa, você é o pelo do braço que eriça, a sensibilidade que grita, o carinho que permuta, você é as palavras ditas para ajudar, os gritos destrancados da garganta, os pedaços que junta, você é o orgasmo, a gargalhada, o beijo, você é o que você desnuda.
Você é a raiva de não ter alcançado, a impotência de não conseguir mudar, você é o desprezo pelo o que os outros mentem, o desapontamento com o governo, o ódio que tudo isso dá, você é aquele que rema, que cansado não desiste, você é a indignação com o lixo jogado do carro, a ardência da revolta, você é o que você queima.
Você é aquilo que reinvidica, o que consegue gerar através da sua verdade e da sua luta, você é os direitos que tem, os deveres que se obriga, você é a estrada por onde corre atrás, serpenteia, atalha, busca, você é o que você pleiteia.
Você não é só o que come e o que veste.
Você é o que você requer, recruta, rabisca, traga, goza e lê. Você é o que ninguém vê.
"RECEBE MENOS QUEM MAIS TEM PRA DAR"